Tiago Minamisawa é diretor, roteirista de Drag Race Brasil e produtor do curta-metragem "Sangro", ganhador dos prêmios Silver Hugo de Melhor Filme de Animação no Festival de Chicago 2019; Melhor Curta-metragem Brasileiro e Melhor Documentário no Anima Mundi 2019; do Prêmio Itamaraty de Melhor Curta-metragem no Festival Kinoforum 2019; Melhor Filme do Júri Popular no Festival de Vitória; do Kikito no Festival de Cinema de Gramado 2019; e Melhor Curta-metragem Brasileiro no Festival Animage 2019. O filme também foi selecionado para mais de 70 festivais internacionais, entre eles o Festival de Animação de Annecy (evento na França considerado o mais importante do cinema de animação mundial), Festival Internacional de Cinema de São Francisco (EUA), Interfilm Berlim (Alemanha) e Nouveau Cinéma de Montreal (Canadá).Produziu e roteirizou o curta-metragem "Guida", de Rosana Urbes, ganhador do prêmio Jean-Luc Xiberras no Festival Internacional de Animação de Annecy 2015, e de mais de 80 prêmios nacionais e internacionais. Produziu e roteirizou também o curta-metragem "Um Lugar Comum", vencedor do Grande Prêmio do Júri, no Festival internacional de Animação do Uruguai.
FICHA TÉCNICA RESUMIDA:
DIREÇÃO E ROTEIRO Tiago Minamisawa PRODUÇÃO EXECUTIVA Minamisawa Films, WAG Films, Bruno H Castro Filmes, Coala Filmes, Amopix, Split Studio DIREÇÃO DE ARTE Guilherme Petreca CONSULTORIA DE ROTEIRO Valéria Rodrigues, Beatriz Pagliarini, Bruno H Castro COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO E ASSISTENTE DE DIREÇÃO Stephanie Saito DIREÇÃO DE ANIMAÇÃO Erica Valle ANIMAÇÃO Erica Valle e Isabela de Brito BONECOS Ana Barcabogante, Joseph Specker Nys, Marcos Telles, FIGURINOS Andressa W. Klawa Rosa Nalu CENÁRIOS Fabiana Fukui, Carmem Guerra, ATRIZ REFERÊNCIA Kara Catharina PREPARADORA DE ELENCO Tiche Vianna TRILHA SONORA Ruben Feffer e Gustavo Kurlat SOM Ultrassom Music Ideas Cantora Maria Castillo de Lima DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA Larissa Nakashima ANIMAÇÃO 2D INICIAL Etienne Tavares ESQUELETOS E RIGS Térreo Estúdio DESIGN GRÁFICO João Zambom FLORES AQUARELA Lúcia Hiratsuka APOIO Rumos Itaú Cultural, Proac - Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, The Region Grand Est, em parceria com CNC, The Haute-Savoie county, em parceria com CNC, France 3.
“Kabuki” foi premiado no Festival de Brasília de 2024 na categoria de Melhor Trilha Sonora, com o Prêmio Abraccine e com o Prêmio Canal Brasil de Curtas.
“Kabuki” narra de forma poética os aprendizados e transformações de vida da personagem trans Kabuki. Inspirado nas muitas histórias reais de pessoas trans exterminadas todos os dias pela intolerância, o filme acompanha a busca de Kabuki por autoaceitação e identidade frente a um mundo violento e machista. Presa em um corpo físico masculino, Kabuki carrega o peso de uma imagem que não a representa. Se enxerga mulher e ao se libertar das amarras que a impedem de ser plena desperta o ódio social. Após fundir seu corpo e sua Alma, Kabuki será vítima da intolerância, mas sua rematerialização, reflorestando o mundo devastado pelo fogo do ódio, representará existência e resiliência emitindo a mensagem do amor e do perdão para toda a humanidade.
-Primeiramente, muito obrigado pela oportunidade de realizar esta entrevista e parabéns por este curta-metragem que me emocionou profundamente.
Eu que agradeço demais!
-O kumadori vermelho simboliza justiça, coragem, paixão, força. Você já quis usar essa cor em alguns momentos importantes da trama por causa desse significado? Ou foi uma indicação do que acontecerá no final do curta-metragem.
O vermelho é um prenuncio do sangue que irá traçar o destino da personagem (e consequentemente de tantas pessoas trans), mas o mesmo sangue é também o fogo que não a queima (justiça, coragem, paixão e força), ao contrario ela usa para renascer com a força de uma fénix e ser inspiração para muitas existencias trans.
-O espelho ou a água e o reflexo dela no espelho parecem comoventes e inspiradores para mim. O que levou você a dar a eles essa relevância narrativa e visual? O que você queria explorar com essa interação específica entre o personagem e seu próprio reflexo? Quão importante é para o arco do personagem ou para os temas centrais da história olhar para aquele espelho ou para a água?
Acredito que muito da vivência trans está envolta da autoimagem e durante a construção da narrativa eu me inspirei muito no mito de Narciso. A personagem que vive sem olhar para a própria imagem e em determinado momento se apaixona por sí mesmo. No caso da vivência trans, eu pensei em um Narciso às avessas, ela foge da própria imagem por não se reconhecer e por muitas vezes até se odiar. Em determinado momento o reflexo como disforia começa a oprimir a personagem até que ela encontra uma máscara de gueixa que a faz se enxergar com mais amor. No entanto, essa é apenas mais uma representação externa e ela precisa quebrar essa máscara para assumir seu verdadeiro eu.
-Há vários momentos marcantes no curta-metragem em que ele entra naquela caverna ou naquele lugar escuro e cheio de simbolismo, onde você vê toneladas de máscaras e ele as experimenta. Você queria refletir a busca do protagonista por identidade? Ou é um confronto de várias facetas de si mesmo que ressoa com o Kabuki? Ou ambos?
Acho que ambos, ela busca identidades dentro de sí e na sociedade, sempre lutando entre sua própria verdade e as imposições sociais.
-O personagem do começo com os olhos vermelhos, que aparecem borrados e pretos, é uma metáfora para a covardia de muitas pessoas que atacam os outros pelo que são
ou por quem são?
Sim, ela representa todas as sombras e formas de opressão social que desde a infancia nos privam de sermos que realmente somos.
- Achei a música uma escolha linda. Que papel você queria que ele desempenhasse na narrativa e na atmosfera de 'KABUKI'?
A música final é cantada por Maria Castillo de Lima, uma mulher trans que é mezzo soprano no teatro de Colon na Argentina. Eu queria que a música (composta por Gustavo Kurlat e Rubens Feffer) funcionasse como a voz trans sendo colocada no filme, o protagonismo, o chamado para o renascimento e para a primavera de tantas pessoas trans que serão inspiradas pela história contada.
- Esse final, onde o protagonista se transforma em uma borboleta, como se estivesse saindo de seu casulo, é inspirador e esperançoso, mas ao mesmo tempo triste, porque você não sabe se ele está no céu ou se é uma metáfora para o renascimento. Que significado final você quer que o espectador atribua a essa imagem poderosa e simbólica?
Eu acho que o final é bem aberto e gosto que o espectador tenha sua própria interpretação. De qualquer forma eu vejo que Kabuki se torna uma polinizadora, a sobrevivência e resiliência que inspira outras existencias trans a desabrochar e espalhar o amor.
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